CPI de 1975 contra a MBR: DESTAQUES
ESPAÇOA
1a CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito – da
Assembléia Legislativa de Minas Gerais aconteceu em 1975 e foi para
apurar estragos ambientais da MBR – Minerações Brasileiras
Reunidas S/A. Abaixo, segue alguns destaques do RELATÓRIO FINAL
da CPI, aprovado pelos deputados integrantes da Comissão.
ESPAÇO“Desde
quando, em 1554, o Padre Anchieta anunciara à Coroa a existência
de ferro no Brasil, até nossos dias, muito se fala das enormes riquezas
de que o nosso solo é possuidor. A luta pela independência econômica
quase se processa, no Brasil, exclusivamente, através da defesa de
nossos minérios e da sua industrialização. “O minério
não dá duas safras”, tratando-se de “ riqueza não
renovável” são os slogans que bem caracterizam a alta
determinação daqueles verdadeiros nacionalistas que desejam
ver o Brasil livre de capitais estrangeiros, que daqui tudo levam, sem qualquer
retorno e sem qualquer desenvolvimento.
ESPAÇOMinas,
então, tem sido o celeiro do sacrifício, sugada em sua riqueza
maior e abandonada naquilo que, por justiça e por direito, deveria
lhe ser outorgado. Minas está vendendo o seu futuro! No passado exauriram
o nosso ouro. No presente exaurem o nosso minério, na política
voraz de mineração.
ESPAÇOApós
a aquisição da Companhia de Mineração Novalimense
e o arrendamento da jazida da Ferrobel, a MBR passou a explotar e exportar
minérios, destruindo a Serra do Curral, quebrando o panorama paisagístico
da região de Belo Horizonte, desmatando a Mata do Jambreiro, poluindo
água e provocando prejuízos à população
de Nova Lima.
ESPAÇONo
próprio dizer do Presidente da MBR, Daniel Sydenstricker, o Japão
é o maior exportador de aço para o Brasil e é o maior
importador de ferro da MBR. É, na afirmativa do Professor Ozório
Diniz, a importação de aço que consome o dobro de divisas
que nos dão a exportação do minério de ferro.
Que se impeça a criação de estradas cativas, como ocorreu
com a MBR, no terminal de Sepetiba;
ESPAÇOA
execução do chamado “Projeto de Águas Claras”,
realizado pelo grupo Hanna, sob o nome de Mineradoras Brasileiras Reunidas”,
trouxe as seguintes conseqüências desastrosas:
ESPAÇOa)
Poluição das águas e destruição das nascentes
que abastecem grande parte da população da grande Belo Horizonte
e, naturalmente, as cidades de Nova Lima
e Raposos;
ESPAÇOb)
Destruição da Mata do Jambreiro, única reserva natural
em um raio de 200 Km em torno de Belo Horizonte.
ESPAÇOc)
Destruição da barreira natural de montanha, que garantia a Belo
Horizonte um excelente clima (seco e frio);
ESPAÇOd)
Extinção da linha de trem de transporte de passageiros Vera
Cruz, para que a RFF – Rede Ferroviária Federal - pudesse cumprir
o contrato de transporte de minério de ferro celebrado com a MBR;
ESPAÇOe)
O contrato entre a MBR e a Ferrobel, prejudicial aos interesses desta e, em
conseqüência, aos interesses da capital;
ESPAÇOf)
Destruição da fauna na Mata do Jambreiro.
ESPAÇOEm
estudo realizado pela Organização doas Nações
Unidas (ONU), provou-se que Belo Horizonte era uma das nove cidades do mundo
que dispunham de proteção natural contra a poeira atômica.
Graças à destruição do perfil da Serra do Curral,
pela MBR, a Capital foi retirada da relação, restando agora
oito cidades.
ESPAÇOÉ
evidente que as atividades da MBR, no “intervalo de cerca de 1.400 metros”,
entre a crista da Serra e o Pico de Belo Horizonte, quebrou a harmonia de
toda a Serra do Curral e destruiu, em muito, a beleza do Pico de Belo Horizonte.
ESPAÇOPara
atender à MBR, a RFF, que anteriormente transportava para o Porto do
Rio a média de 331.000 toneladas mensais, reduziu esta média
para 200.0000 toneladas mensais, passando, porém a transportar, para
Sepetiba, a média de 531.000 toneladas mensais, como ocorreu em 1974.
E qual seria a vantagem para a RFF? Nenhuma, já que o frete fixado
para a MBR, em fevereiro, era de 22,50 por tonelada, para Sepetiba, enquanto
para o Porto do Rio, para os demais mineradores atinge a cifra de 35,09 por
tonelada, tudo ainda de acordo com as informações do Presidente
da EME. Assim, os nossos pequenos e médios exportadores tiveram seu
prejuízo pela diminuição de suas exportações,
por falta de transporte. A população de Minas Gerais perdeu
o seu transporte ferroviário na linha Belo Horizonte – Rio.
ESPAÇOA
partir de julho de 1974, a RFF passou a transportar o minério de ferro
para a MBR, através de 4 trens diários, com 70 vagões
cada um, com duas locomotivas de 50 toneladas úteis em cada vagão.
ESPAÇOEm
março de 1974, para diminuir este déficit, sobre o qual, segundo
informações, paga pesadas multas à MBR, a RFF suprimiu
o último trem Belo Horizonte – Rio, o “Vera-Cruz”,
diminuindo seu déficit, em dezembro, para 339.708 toneladas apenas.
Assim, a linha Belo Horizonte – Rio, hoje em dia (em 1975), faz quase
que exclusivamente o transporte de minério, para satisfazer o contrato
com a MBR.
ESPAÇOÉ
evidente o prejuízo para a população de Minas Gerais,
com a perda de seu transporte ferroviário na linha Belo Horizonte –
Rio de Janeiro.
ESPAÇOO
Presidente da MBR disse a respeito do frete de minério: “O frete
em fevereiro, em seus últimos dez dias, foi de Cr$ 28,32.” Mas
segundo as faturas apresentadas pela MBR, em fevereiro, o frete por ela pago
era de Cr$ 22,58 e não Cr$ 28,43.
ESPAÇOTeria
a RFF condições de operar, concedendo, além dos 10%,
mais 16% de abatimento no frete para a MBR?
ESPAÇOSegundo
dados colhidos e que se encontram no processo, o coeficiente de exploração
do Sistema Regional Centro da RFF foi de Cr$ 1,88, ou seja, para arrecadar
Cr$ 1,00, dispendeu em 1974, Cr$ 1,88, arrecadando uma receita de Cr$ 827.556.000,00
para uma despesa de Cr$ 1.555.038.000,00, apresentando, assim, um déficit
de Cr$ 727.482.000,00, tudo conforme os dados constantes do processo.
ESPAÇODr.
Mário Viegas, Presidente da Sociedade Ornitológica Mineira,
afirmou que desde 1971, a Sociedade que preside vem lutando, tenazmente, contra
o desmatamento da “Mata do Jambreiro”, chegando inclusive a formular
denúncia ao IEF – Instituto Estadual de Florestas - e que, em
certa ocasião, assistiu a apreensão de ferramentas pelos guardas
florestais. O IBDF aconselhou, segundo suas informações, o tombamento
pelo SMAN da “Mata do Jambreiro”, o que infelizmente, não
ocorreu. Após afirmar a existência de espécies raras naquela
Mata e o risco atual de sua extinção, o Dr. Mário Viegas
assim se pronunciou: “As atividades da MBR são altamente
prejudiciais aos interesses da flora e da fauna alada.”
-CONCLUSÕES-
ESPAÇODo
processo resulta, exuberantemente provado, que as atividades da MBR são
altamente prejudiciais aos interesses de Minas e do Brasil.
ESPAÇOAssim,
entendo que esta comissão deve sugerir à Assembléia Legislativa
que promova, oficialmente, as seguintes medidas:
ESPAÇOa)-
DENÚNCIA, na forma do artigo 105 do Decreto 52.934, de 2 de
julho de 1969, perante o Ministério das Minas e Energia, requerendo
a caducidade dos decretos de lavra explorados pelas MBR - Minerações
Brasileiras Reunidas S/A, pelos seguintes motivos:
ESPAÇO1-
Por ser suas atividades altamente prejudiciais aos interesses do Brasil.
ESPAÇO2-
A alegação do Presidente da MBR de que é necessário
“aumentar as exportações a todo o custo, qualquer que
seja ele”, a fim de gerar divisas, na espécie – a de minério
– é improcedente, pois é sabido que o Brasil dispende
o dobro de divisas com a importação do aço do que recebe
com a exportação do minério.
ESPAÇOO
Presidente da MBR não pode negar que, desrespeitando a autorização
do Instituto Estadual de Florestas, desmatou, na Mata do Jambreiro, as margens
de curso de rio.”
ESPAÇOA
CPI de 1975, da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, apurando estragos
ambientais e outros desmandos da MBR, assim conclui seu relatório:
“Este trabalho é marco inicial de uma luta que, demore o tempo
que demorar, um dia haveremos de vencer.”
Movimento Capão
Xavier VIVO
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