CPI VAI INVESTIGAR CRIME AMBIENTAL
PARLAMENTARES de MINAS GERAIS VÃO APURAR IRREGULARIDADES NA CONCESSÃO
DAS LICENÇAS AMBIENTAIS OBTIDA PELA MINERADORA MBR.
----------Serão apuradas
por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) as irregularidades
nos processos de licenciamento ambiental da empresa Minerações
Brasileiras Reunidas (MBR), na mina de ferro de Capão Xavier, em Nova
Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. A CPI foi aprovada dia
20 de outubro, pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais, notícia
que foi muito bem recebida pelo Movimento Capão Xavier Vivo,
que congrega diversas entidades em defesa da preservação do
meio ambiente e de mananciais de abastecimento público da região
metropolitana da capital mineira, incluindo os mananciais dos Ribeirões
de Fechos, Mutuca, Catarina, Barreiro e cidades integrantes do sistema Alto
Rio das Velhas.
----------A mina de Capão Xavier encontra-se
sobre um grande aqüífero que abastece 320 mil pessoas, o equivalente
a 9% da população de Belo Horizonte e 7% da região metropolitana.
Apesar da lei Estadual 10.793/92, que proíbe exploração
de minas em áreas de mananciais de abastecimento público, a
MBR atua na extração de minério de ferro nessas regiões
há quase 30 anos.
----------Em nota oficial, o movimento Capão
Xavier Vivo declarou esperar que a CPI contribua firmemente para a interrupção
das atividades minerais da MBR em Capão Xavier, além de oferecer
subsídios para demonstrar a responsabilidade pessoal de agentes públicos
pela prática de atos de improbidade administrativa que permitiram à
mineradora contornar a lei.
----------Para o Frei Gilvander Moreira, essa
irregularidade foi fruto de um acordo entre a MBR, a Companhia de Saneamento
(Copasa), o Instituto Estadual de Floresta (IEF) e a prefeitura de Belo Horizonte,
que desrespeitam as leis ambientais. “Lamentavelmente a Fundação
Estadual de Meio Ambiente (Feam) e o Conselho de Política Ambiental
(Copam), concederam as licenças para a operação da mina,
em um processo viciado, pois pessoas comprometidas com os interesses da MBR
participaram da votação”, conta o Frei.
----------LUTA ANTIGA
----------Segundo o Movimento, a atividade da
MBR na região já destruiu parte do patrimônio Histórico
Natural de Minas Gerais, como a Serra do Curral, o Pico de Itabirito e outros
mananciais nas cidades de Macacos e Itabirito. Além disso, deixou uma
enorme cratera sem recuperação em Águas Claras.
----------A luta pela defesa dos mananciais não
é recente. Em 1975, uma CPI apurou as ações da MBR na
região. O relatório conclusivo deixou claro que as atividades
da MBR provocaram a poluição da água, no município
de Nova Lima e região. Na ocasião, o prefeito Rubem Costa Lima
confirmou que todos os mananciais que serviam a Nova Lima já foram
poluídos.
----------Além de ameaçar o aqüífero,
a atividade mineradora põe em risco a rica biodiversidade da região.
“Há ocorrência de microcrustáceos com 500 milhões
de anos, um verdadeiro fóssil vivo. Há também grutas,
de rara formação, com 20 metros de profundidade, como a de Capão
Xavier. Entre as 3500 grutas cadastradas no Brasil, só existem seis
grutas semelhantes”, conta frei Gilvander.
----------Para Gilvander, a questão que
está posta na Mina de Capão Xavier é: mineração
ou água? “trata-se de uma escolha. Ou água para consumo
humano, para a flora e fauna e para assegurar o abastecimento das futuras
gerações, ou 173 milhões de toneladas de ferro de alto
teor para a MBR”, conclui.
Dafne Melo, da redação.
Jornal Brasil de Fato, de 11 a 17 de Novembro de 2004, secção: Ambiente, p.13.
Movimento Capão
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