MINERADORA MBR ESTÁ SECANDO OS MANANCIAIS DE ÁGUA POTÁVEL DE BELO HORIZONTE

SAIBA QUE O SEU SILÊNCIO É CÚMPLICE! -

Virgilio de Mattos

O minério não dá duas safras e geralmente, após a sua exploração, só resta a devastação ambiental e promessas e discursos - se você mora na capital basta olhar em volta, ou no tempo -, não podemos comprometer os mananciais que abastecem Belo Horizonte em troca de umas duas ou três centenas de empregos provisórios - a se crer nas "estimativas" da MBR (Mineradoras Brasileiras Reunidas) -, como é o caso da exploração da Mina Capão Xavier, em local de área de preservação permanente.
Isso é um absurdo! Isso é uma irresponsabilidade! Silenciar sobre isso é quase um crime!
Poderíamos resumir a discussão nesse ponto, ISSO É UM ABSURDO!, para não cansarmos mais o já cansado leitor e a duplamente cansada leitora - Ah, a senhora não faz dupla jornada de trabalho em casa, não? Sei, sei, tem duas empregadas, não é mesmo? - com uma notícia alarmante:
ESTÃO ACABANDO COM O PRINCIPAL MANANCIAL DE ÁGUA POTÁVEL DE BELO HORIZONTE!
Ah, a senhora mora em Manga, norte de Minas Gerais, e lá a água não é problema?
Tá bem, o que é que o senhor tem com isso, feliz morador de Caxambu?
Nesse país de exploradores e explorados a pergunta que o feliz portador de "senso comum agudo" sempre faz é essa: "- O que eu tenho com isso?"
De ordinário, os que fazem essa pergunta, ou acompanham esse tipo de raciocínio, sempre apresentam "argumentos irrespondíveis", exemplificativamente:
- "A MBR não vai gerar alguns empregos? O desemprego não é uma praga endêmica em tempos neoliberais? Logo, devemos apoiar a mineradora que vai gerar alguns empregos".
De falácia em falácia, de premissas falsas até as meias-verdades, talvez você peque pela desinformação crônica: ESTÃO ACABANDO COM O PRINCIPAL MANANCIAL DE ÁGUA POTÁVEL DE BELO HORIZONTE!
Nem se diga que eu esteja aqui tentando impedir a contratação de alguns poucos braçais não qualificados - que encontrariam emprego na construção civil - , ou que esteja preocupado demais com alguma coisa que os "órgãos competentes" - no sentido legalista, apenas - já avisaram que pode ser irreversível - falo do comprometimento do lençol freático que abastece a cidade de Belo Horizonte, em especial o do complexo da Mutuca (a sudoeste da capital, rumo ao Rio de Janeiro).
Confesso que vivemos em um mundo de perplexidade, onde a hegemonia do lucro e da exploração é o principal leitmotiv de alguns.
Não se poderá dizer, também, que faço parte daquele "topo da pirâmide" que, talvez por ser verão, bronzeia o corpo em Búzios.
Estou trabalhando! Com muito gosto! A muito custo!
Sou um velho preocupado com a hegemonia. Qualquer que seja ela. Testemunha perplexa da devastação produzida pelas mineradoras no entorno de Belo Horizonte, desde 1963.
Mudei-me para Piedade do Paraopeba e não adiantou. As mineradoras seguem sua obsessiva devastação, agora com cínica política de relações públicas de que são muito "preocupadas com o meio ambiente".
Não posso, por ser verão, querer escapar do problema. Como faz a maioria.
Ele surge aí, aplaudido por meia-dúzia de interessados natos e alguns outros tantos oportunistas de ocasião, sempre habituais.
O objetivo principal da exploração da Mina Capão Xavier é o lucro rápido, a todo custo, pouco importando a devastação que isso vá produzir. Mesmo que custe a água, bem escassa e valiosa nesse século que mal se inicia.
Se o trânsito alucinado de caminhões que transportarão a produção vai custar outro tanto de vidas já, isso pouco importa, talvez não passe de mero efeito colateral já calculado pela matriz.
Sinto a ausência de alguns interlocutores privilegiados, dentre os quais exatamente você!
Sinto a ausência, nessa discussão, da OAB e do Ministério Público.
A CNBB já se manifestou, em sua campanha da fraternidade deste ano, sobre a relevância do tema FRATERNIDADE E ÁGUAS, com o lema: Água, fonte de vida. Estão os padres insistindo nisso em suas homilias?
Onde andarão os pastores evangélicos que não fazem a mercancia da palavra (cfr. Mateus 21:12-13 e Lucas 19:45-48 sobre Jesus expulsando os vendilhões do templo)? Pregam isso nos cultos?
Que dizer das iabás e dos babalorixás em um ano governado por Oxossi?
Onde andarão os Mullás e rabinos? Atarefados demais na jihad para fazerem um protesto uníssono?
Já sei, já sei, como foram todos tostar o corpo em Búzios, é melhor deixar essa política de terra arrasada para depois do carnaval, não é mesmo?
Enquanto Ricardo, Gustavo e outros buscam o socorro do Judiciário, a MBR nada de braçada! O out-door é que foi escrito ao contrário!

DIGA NÃO À EXPLORAÇÃO DA MINA CAPÃO XAVIER, ANTES QUE SEJA TARDE DEMAIS!
QUE NOSSOS FILHOS E NETOS TENHAM DIREITO À ÁGUA!
O pão nosso de cada dia a gente sempre soube, mesmo em tempos mais sombrios do que estes, ganhar.
Não perca a oportunidade de ganhar essa luta! Por um 2004 sem sede!
Por qualidade de vida!
Faço aqui uma proposta: MORRER DE SEDE? TÔ FORA!

Virgilio de Mattos
Professor de Criminologia da ESDHC. Coordenador do Programa Pólos Reprodutores de Cidadania, da UFMG.

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