Pontifício Conselho Justiça e Paz elogia CF 2004 e incentiva Brasil defender Água como DIREITO HUMANO.
Segue a carta vinda do Vaticano - com a resposta - elogiando a Campanha da Fraternidade e desafiando a CNBB para articular a Igreja da América Latina - também do mundo - para defender a água como Direito Humano. Muito interessante.
Pontifício Conselho Justiça e Paz
441/04/L32 19 de abril de 2004
Eminência,
----------No decorrer do ano passado, o Pontifício Conselho da Justiça e da Paz teve o prazer de encontrar os Bispos brasileiros por ocasião de sua visita ad limina e de discutir com eles numerosas dificuldades que o povo a eles confiado deve enfrentar. Naquela ocasião, foi tratado do tema da água e em particular o do “direito à água”.
----------A
esse respeito, esse Pontifício Conselho informou de haver publicado um
documento sobre a água, apresentado no Fórum de Tóquio
sobre a Água, realizado em 2003, no qual foi pedido o reconhecimento
do “direito à água”. Por esse motivo fiquei particularmente feliz
ao tomar conhecimento da Mensagem de Sua Santidade à Conferência
Episcopal do Brasil para a sua “Campanha da Fraternidade 2004” para a Quaresma.
Essa Campanha foi sabiamente centrada sobre o tema “Fraternidade e Água”
e adotou o lema “Água, fonte de vida”. Constatei com satisfação
que, na sua mensagem, o Santo Padre afirmou: “Enquanto dom de Deus, a água
é um elemento essencial para a sobrevivência; cada um de nós,
por isso, tem direito a ela.” Vossa Eminência talvez esteja ao par que
a Agência para o Desenvolvimento da Conferência Episcopal Canadense,
“Développement et Paix” (Desenvolvimento e Paz), tomou uma iniciativa
em vista de favorecer o “direito à água”.
----------As
duas iniciativas, a brasileira e a canadense, poderiam servir de encorajamento
às Conferências Episcopais da região, e eventualmente de
todo mundo, para que se dirijam aos seus respectivos governos nacionais para
propor a água como um direito humano. O tema do “direito à água”
parece apresentar uma oportunidade para uma expressão de solidariedade
em relação à Igreja na América, no contexto do Sínodo
do mesmo nome, e para intervir de forma positiva na vida de tantas pessoas na
América do Sul, do Centro e do Norte, e, quem sabe, de todo mundo.
----------Esse
Pontifício Conselho se tem empenhado há mais tempo no estudo do
tema da água enquanto elemento essencial à vida. Enquanto cresce
um movimento para fazer com que a água seja declarada um direito humano,
alguns, como V.E. bem sabe, se opõe a uma tal qualificação
da água. Permanece assim o desafio de realizar e de reforçar tal
direito. Em relação a esse direito, a Santa Sé sustenta
uma interpretação que se refere substancialmente à dignidade
do ser humano e não uma visão que se limita apenas a uma referência
das quantidades volumétricas desse precioso elemento. O Pontifício
Conselho da Justiça e da Paz se declara pronto a apoiar qualquer iniciativa
nessa direção.
----------Mais
uma vez, agradeço pela campanha realizada no Brasil no período
quaresmal. Peço que me faça conhecer suas reações
a respeito da possibilidade de ampliar tal iniciativa e também de informar-me
a respeito dos resultados da “Campanha da Fraternidade 2004”. Expresso a V.E.
e a todos os irmãos no episcopado brasileiros os sentimentos da minha
mais cordial estima e faço votos todo sucesso no seu trabalho pastoral.
(ass) Renato Raffaele Cardeal Martino Presidente
À sua Eminência
Cardeal Renato Raffaele Martino
Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz